sexta-feira, 27 de novembro de 2015

LUTA, REFLEXÃO E ESPERANÇA


O justo se alegra no Senhor e Nele confia. Sl 64-10
Foto: Regina Bivar Silva
Cresci ouvindo dizer que se conselho fosse bom não se daria e sim se compraria, no entanto esses anos de convivência com pessoas de diferentes classes sociais gêneros e principalmente por ter raízes indígenas cheguei a um período de quase viver na pratica de meditação (não sou adepta a meditação, nada contra), apenas tento conviver com a consciência limpa. Participei de uma das mais fortes etapas da vida pelo trabalho que fiz durante 20 anos, pela identificação, reconhecimento e demarcação dos povos indígenas (de minhas origens), e me sinto com o dever cumprido.

Infelizmente não depende só de mim e de Deus. Mais do povo que infelizmente se deixou impregnar pelos usos e costumes da ganância, do poder tornando-os vulneráveis e agora entregues à própria sorte.
Somente alguns (as), que me conhecem e sabem do meu trabalho vão entender o porquê desse quase desabafo. Infelizmente o nosso país passa por momentos difíceis até com tragédias que agridem o meio ambiente  mais acredito que a natureza em todos os sentidos é um ser vivo que precisará sempre de cuidados e proteção dos seres humanos e ao que parece alguns se esqueceram que dependem dela para sobreviver, em função da ganância acabaram ficando fanáticos pela destruição cruel e inconsequente, deixando por onde passam marcas profundas das atrocidades sem precedentes na história deste país, com toda uma cadeia da biodiversidade ameaçada e tornando irrecuperáveis o sistema natural que nos cercam.

Pensando nisso parei um pouco para refletir e comecei a colocar meus pensamentos nestas traçadas linhas, escrevendo pensamentos que a partir de agora gostaria de dividir com vocês, caso estejam dispostos a perder uns minutinhos de seus preciosos tempos para refletirmos juntos sobre o que compete a nós fazermos para tentar amenizar estas grandes tragédias naturais que acontecem em nosso volta.

Blog: Regina Bivar Silva
Gráfico de page views: 21348 visualizações de página - 138 postagens, última publicação em 27/11/2015.

domingo, 19 de abril de 2015

Dia do Índio. Existe alguma coisa para comemorar?

"Desembarque de Cabral" - Oscar Pereira da Silva Pintor brasileiro (1865-1959).
"Lideranças indígenas de todo o país em Brasília para mais um momento de luta pelos seus direitos. Foto: assisramalho.com.

Sei que em algumas comunidades e aldeias indígenas parentes estão festejando o dia do índio.  Mais vamos comparar isto a uma situação, como alguém que não conhece uma floresta e acaba por uma situação do destino caindo dentro dela, e se vê perdido, sem esperança de que vai sobreviver, mais a fé é tão grande que acaba transformando esta pessoa em um guerreiro da sobrevivência.
E, ele mata sua sede com água da chuva e a fome contudo que acha que pode mante ló vivo. Assim está o nosso povo indígena perdido em uma selva de pedra que é a cidade, onde também tem que aprender as estratégias de sobrevivência, entre os perigos e situações muito mais traiçoeiras que os perigos da selva.
A cobra jararaca e a cascavel, são os bichos mais ágeis e perigosos que existem na selva, com as quais os índios conseguem conviver harmoniosamente, dificilmente são vítimas de seu veneno mortal. 
A onça tem a astucia e esperteza para caçar na mata, mas quando ela parte para caçar o índio, a caça vira o caçador e todos sabem o desfecho final desta caçada, eu poderia  citar tantas outras qualidades de animais  caçadores  que acabam sendo derrotados por aquele que respira as entranhas das matas  e que conhecem como ninguém como reverter qualquer  situação em nosso habitat natural onde somos fortes.
Mas, na selva pedra somos frágeis as maldades de alguns que se dizem  civilizados que detém o poder para manipular situações que  lhes favoreçam, usando artifícios, formas e maneiras próprias  de quem usa o poder a seu bel prazer para  alcançar objetivos de grupos que serão  mantidos no poder durante anos ,atingindo com isso  suas metas de perpetuação no poder, usando muitas vezes a inocência de pessoas  humildes, desprovidos deste sentimento, de ganância e ambição para transformar lós em massa de manobra para atingir seus interesses.
Nesta situação infelizmente não são vítimas apenas os índios e sim milhares de pessoas que mesmo tendo acesso as informações que os índios não tem, ainda se deixam enganar em pleno sec. XXI, por alguns políticos vorazes pelo poder, movidos pelo egoísmo, ganância e ambição exagerada.
Como me falou, uma amiga Socióloga e Antropóloga que ‘’cada povo tem os políticos que merecem’’.
Não podemos condenar  apenas o povo indígena por eleger péssimos políticos que  colocam seus interesses acima dos interesses do nosso povo.
Mas também  aqueles que em plena era cibernética elegem seus representantes para depois ir para as ruas protestar contra eles.

Emfim acho que nós cidadãos  brasileiros,índios,branco,negros,pardos,temos que nos conscientizar que a política e o único  meio que temos para realizar  as mudanças que buscamos, em protestos contra os interesses desses grupos políticos, que buscam o poder exclusivamente para fazer política de ‘’compadres e irmãos’’ que compactua com os maus feitos.
Portanto  hoje é  o dia do índio mas, também pode ser um dia de reflexão para todos os brasileiros do Brasil, sobre a situação política em que se encontra o nosso país.
Se voltarmos ao início de tudo, vamos constatar fatos históricos, que mostra uma realidade que ninguém poderá apagar, antes da chegada das caravelas de Cabral, os primeiros habitantes desta terra, viviam uma vida feliz, próspera, e todo dia era dia do índio. Enquanto hoje se os índios quiserem viver em paz, precisam aprender a lutar em prol de seus direitos.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

ÍNDIOS DA GARAGEM VÃO TER ALUGUEL SOCIAl

Na foto as famílias indígenas junto com Regina Bivar Silva e Eliziário Rodrigues Arirama lideranças do povo indígena Kokama, quando foram ao Ministério Público Federal solicitar providências de acordo com o artigo 232 da Constituição Federal. 

Depois de padecer durante quatro anos em uma garagem imunda, cheia de entulhos, lixo, esgotos a céu aberto, ratos e sucatas de carros velhos abandonados pela FUNAI, na rua 24 de Maio no centro de Manaus, nove famílias da etnias Kokama e Ticuna finalmente vão poder viver dignamente, graças a decisão da Justiça Federal de Manaus que acatou um acordo de conciliação proposto pelo Defensor Público Federal Edilson Santana Gonçalves Filho, aceito pelos indígenas, os representantes do Presidente da FUNAI, do Governo do Amazonas, Munícipio de Manaus, do Ministério Público Federal e PGF/AGU. Na proposta a FUNAI, vai repassar para cada família indígena um aluguel social no valor de R$ 800.000 (Oitocentos Reais) até o desfecho final da Ação Civil Pública impetrado pela Defensoria Pública da União em desfavor da União Federal, do Estado do Amazonas e Munícipio de Manaus em 19 de Dezembro de 2013, depois de fazer várias tentativas sem sucesso, junto a diversos órgãos federais, estaduais e municipais, para solucionar esta questão de forma administrativamente, chegando até a realizar por diversas vezes, reuniões com representantes das mais diversas entidades públicas, secretarias governamentais etc.

Também o Ministério Público Federal, através dos Procuradores Federais: Julio Jose Araujo Junior e Fernando Merloto Soave não mediram esforços para solucionar a questão, inclusive instaurando inquérito civil, com o fim de apurar possível omissão do poder público na garantia ao direito de moradia digna das nove famílias indígenas que residem em condições precárias em uma garagem abandonada da FUNAI.

Vale ressaltar que a DPU requereu a concessão de decisão antecipatória de tutela, liminarmente, para que se determine aos demandados que providencie local digno e adequado (que conte com água, luz elétrica, saneamento básico, próximo a escolas e posto de saúde) para que as famílias possam habitar até a solução definitiva do caso em deslinde, sob pena de multa diária no valor de 10.000 (dez mil reais) que foi deferida pela Coordenadoria da 5°Turma do TRF1 desde 12/07/2014. Conforme consta nos autos do processo número 228729020134013200 e no Agravo de Instrumento número 002499876201444010000. Tendo instada a proceder, a FUNAI quedou-se inerte, e em função do descumprimento de determinação judicial por parte da FUNAI de obrigação de fazer, consistente em providenciar local digno e adequado para abrigar as famílias indígenas, a Defensoria Pública da União chegou a requerer a Justiça Federal a decretação da prisão do Presidente da FUNAI em 26 de Julho de 2014.



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

E AGORA JOSÉ...


O que dizer nesse momento em que breve teremos o povo decidindo em quem escolher para melhor comandar o nosso País.

Falando com relação aos candidatos índios no Amazonas confirma-se o que escrevi há pouco tempo, falta confiança e união pelo menos entre os parentes e precisa urgente se colocar um fim nas chamadas miçangas (que ainda existem).

A confiança se consegue através da conscientização, coisa que dificilmente é exercida pelas chamadas “lideranças” com o seu povo seja em comunidades ou urbanas.
Dizer que é impossível, JAMAIS, a prova foi dado pelo índio Kaká Werá o qual foi candidato ao senado pela maior metrópole do país São Paulo e obteve 187.000 votos. Contando apenas com a confiança de amigos a maioria não índios e sem a chamada palavra ‘CONDIÇÃO FINANCEIRA”.

O que irá acontecer doravante não é difícil de vislumbrar. Se os índios, sem nenhum representante eleito para o Congresso Nacional, que contará com centenas de parlamentares ruralistas que defendem os interesses do agronegócio  e querem impedir a continuação das demarcações de terras indígenas, enquanto isso ainda existe quem propõe incluir as 19 Condicionantes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal em 2005, durante o julgamento que definiu a reserva Raposa Serra do Sol, que garantiu o usufruto das terras pelos indígenas, mas com a possibilidade de exploração dos recursos hídricos e minérios da área pelo governo federal, desde que autorizada pelo Congresso, acesso e instalação incondicional de unidades das Forças Armadas ao local sem consulta à Funai.  Na verdade uma série de exigências que isola completamente as populações indígenas nas reservas, impedindo os de sobreviver dignamente no seu habitar natural. E agora Guariní?

Foto: noticias.band.uol

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A INVISIBILIDADE INDÍGENA


Impossível ficar calada diante do momento político que estamos passando, com os povos indígenas sendo ignorados por candidatos majoritários no Amazonas, e concordo com a opinião de alguns índios sobre a falta de políticas pública que não contam com o apoio do Poder Público local, em matéria publicado em um jornal de Manaus no último Domingo 07/09.
Segundo Aldenor Ticuna que também é Mestre em Sociedade e Cultura, “O Movimento está enfraquecido”. Concordo, mas acrescento que infelizmente a falta de união e o egoísmo por parte de alguns parentes não permite que o desenvolvimento aconteça.

Para Eliésio Marubo que também é candidato a deputado estadual, ‘’O modelo atual além de frágil é desalinhado, abre espaço para a auto promoção de representantes ou lideranças estranhas aos interesses teleológicos da verdadeira causa indígena.’’ O que confirma minha opinião.
Talvez as influencias pelo desenvolvimento negativo de alguns políticos foi tão forte que marcou e deixa resquícios não só pelas comunidades indígenas como também por índios que já residem na capital.

Recentemente soube que tem comitiva procedente de um município indo a Brasília para resolver problemas em plena época de eleições. O pior é que esses índios são esclarecidos sobre as leis e sabem que em épocas de eleições procurar soluções para problemas é praticamente impossível...
Foto: Francisco Rocha/G1)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

AS ELEIÇÕES NO AMAZONAS DO PONTO DE VÍSTA INDÍGENA


Foto: g1.globo.com
Enfim chegamos ao tempo das eleições e, como toda cidadã (o) brasileira tenho o direito de expressar minhas opiniões até como forma de tentar esclarecer aos candidatos estreantes que se declaram índios, a realidade dos fatos. Fui candidata a deputada estadual em 2010 e senti na pele uma discriminação da classe política, principalmente na coligação a qual participei e também por alguns parentes indígenas que não entendiam como pode uma pessoa ser candidata sem dinheiro? E, hoje lendo a opinião do Antropólogo Ademir Ramos num jornal local, chego a concordar com ele em alguns itens,que avalia como: ''Tímida a participação indígena no processo eleitoral e que servem de escadinha, e que embora tenhamos no Alto Solimões vários vereadores porem sem força significativa concreta em favor de suas propostas e mais algumas citações que não serão necessárias expor’’. Clique no Link para ler a matéria em que está inserida a declaração do Antropólogo citado: http://acritica.uol.com.br/amazonia/manaus-amazonas-amazonia-Eleicoes_2014-apenas-nove-candidatos-Amazonas-declaram-indios-participacao-indigenas-politica_0_1192080786.html
Pois bem, quando fui candidata fui escolhida pelo grupo que representava e aceitei por achar que tendo feito um trabalho por mais de 18 anos voltado para os povos indígenas, mas que de certa forma beneficiou a outros povos, decidi então encarar o desafio. Não deu certo, mas valeu muito a experiência. E o triste nisso é que com o passar dos tempos infelizmente alguns indígenas (falo pelos parentes do Amazonas), não conseguem soltar as amarras de cabo eleitoral e parece que ainda não será desta vez, penso também que um fator negativo vem de alguns partidos que influenciam algumas ‘’lideranças’’ a serem candidatos dentro de uma só comunidade tirando com isso a chance de uma eleição vitoriosa para o índio.

Existe também outro fator, o surgimento de lideranças que sequer participaram de movimentos de identificação, demarcação e pelo reconhecimento do estado de etnias que há 20 anos eram consideradas extintas, pois na realidade existem alguns índios que parece não conhecer sequer suas raízes culturais e se permitem colocar um cocar de penas  na cabeça, que muitas vezes não condiz com a cultura de seu povo, como forma de ser o candidato índio do partido, triste sina! 
Espero que esses candidatos  que a maioria li são pessoas com formação superior não se permitam ser usados como massa de manobra ou” bucha de canhão, afinal os benefícios indígenas já existem o que falta é serem cumpridos, só me restando desejar boa sorte à todos. 

sábado, 12 de julho de 2014

A REALIDADE QUE DURA MAIS DE 500 ANOS

Até 1994, só índios de uma etnia era reconhecida pela FUNAI em consequência disso uma série de conflitos estavam se desenvolvendo na Região do Alto Solimões onde habitam várias etnias. Quando tomei conhecimento do fato comuniquei aos diretores do Jornal O Solimões esta situação, o editor do Jornal resolveu apoiar essa causa em função dos índios estarem lutando sozinhos, através de uma ONG indígena denominada; COIAMA- Coordenação de Apoio aos Índios Cocama.
Essa ONG foi formada pelos próprios índios Cocama de Tabatinga para lutar em prol do reconhecimento, identificação e demarcação de suas terras indígenas. Através desse Jornal e dessa ONG indígena essa luta se transformou num movimento indígena nacional que tornou o impossível em uma realidade. Hoje, essa etnia já consta no mapa de demarcação dos índios do Brasil com mais de 10 terras homologadas do povo Cocama que em 1994 a própria FUNAI afirmava extinta e outras etnias como Cambeba, Caixana e etc. surgiram com esse movimento. A partir deste movimento foram reconhecidos em seus direitos sociais e milhares de pessoas foram beneficiadas. Isso tudo apenas através dessa ONG indígena e de suas lideranças indígenas.


Outras ONGs, como aquelas que se vangloriam de coordenar as atividades indígenas na Amazônia e nada fizeram em prol dessas demarcações, muitas vezes ficavam contra. Esse movimento que se tornou vitorioso apesar de algumas autoridades dos municípios se posicionarem contra de todas as formas, tentando impedir um Movimento que emanava do próprio povo. Esse trabalho que completa neste ano de 2014 vinte anos é diferente das outras ONGs, a COIAMA que foi a cabeça desse movimento nunca recebeu UM CENTAVO sequer de governos ou ONGs estrangeiras tendo sido mantido ativo enquanto pode através dos recursos próprios de suas lideranças indígenas e do Jornal O Solimões que deixou de circular por pressões políticas e do artesanato que se produz para manter o básico.


Hoje estamos lutando para que projetos de sustentabilidade possam ocorrer nessas terras indígenas através de Associações sérias que estão sendo criadas com este objetivo, mas infelizmente o que estamos presenciando é a mentira que quer prevalecer diante da verdade.
Estamos mais uma vez em época política e esperamos que nossos parentes saibam escolher aqueles que realmente podem fazer alguma coisa que seja de acordo com a necessidade do povo indígena e não em seu próprio benefício. Para que o trabalho que foi realizado durante vinte anos não tenha sido em vão. Pois o trabalho que desenvolvi em prol do reconhecimento oficial do governo das terras e do povo Cocama, refletiu no Movimento indígena nacional e povos de outras etnias começaram a reivindicar a demarcação de suas terras. Infelizmente no Amazonas alguns parentes não entenderam o que se buscava com este Movimento Indígena, que era o respeito aos artigos 231 e 232 da Constituição Federal e fora desta realidade já integrados a sociedade brasileira passaram a reivindicar os direitos de cidadão brasileiro e passando a ser tratados de forma igualitária. Para piorar ainda mais a situação alguns parentes foram arrebatados pelo processo político existente, que viram a possibilidade de manter um domínio que dura mais de 500 anos. Acesse aqui a 
 lista de terras indígenas do Brasil:http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_terras_ind%C3%ADgenas_do_Brasil