Povos indígenas na revista World Mission
Começa hoje, a semana da Conferência Rio+20, espero que sejam
realizados projetos com definições palpáveis para que essa palavra
sustentabilidade possa ser exercida de fato.
Na última sexta feira (8/6/12), tivemos a oportunidade de
assistir a um programa dedicado aos povos indígenas Enawenê Nawê, situado no
Mato Grosso, e tenho a certeza que tanto para nós que somos indígenas, quanto para
aqueles que defendem esta causa,
sentimos certo alívio de ver que ainda existem índios que fazem questão de
preservar mostrando ao mundo sua arte, costumes e cultura e que dizem: “O
equilíbrio da natureza começa com todos nós”.
São palavras de pessoas simples, porém conscientes e que não se deixam
convencer pelas famosas “ miçanguinhas” percebe-se o constrangimento em ter que
apelar para a FUNAI, pela falta de
alimento natural. No entanto, já estão pensando na forma de trabalhar com a psicultura para que continuem tendo a
existência na forma artesanal, isto é peixe vivo criado com produtos da própria
natureza.
Aqui vai uma explicação: se você se alimenta com peixes do
chamado cativeiro, não tem idéia como é diferente do sabor do peixe pescado nos
rios, além de que é muito mais saudável.
Infelizmente aqui na minha tekoá Amazonas, o Estado que tem a maior
população indígena do país, maior Rio do mundo, uma das maiores florestas do
planeta, praticamente essa força indígena de preservar a sua realidade, acabou.
Hoje a maioria dos
índios que vivem nas comunidades (antes era aldeia), vive pedindo projetos para
fazer casa de farinha, dinheiro para construir centro de artesanato e quando
assistem a programas como o mostrado pelo Globo Repórter, chama os filhos para
dizer: Vem ver um índio!
É triste, mais é verdade, falo por experiência própria.
Prezados leitores vocês não imaginam o quanto é difícil tentar fazer o índio
voltar a ser índio, pelo menos lembrar quem ele é, a partir do momento em que
ele vem visitar a cidade e que passa pelo menos um mês na vida urbana, perde
talvez 80%, de sua identidade indígena, pois ele passa a exigir os mesmos
diretos que os não índios como as bolsas, cesta básica, casa de projetos e o
pior, se antes ele já estava sendo dominado por alguns políticos locais agora
ele passa a ser dependente completamente do sistema de vida da capital, com o
jeito branco de ser abandonando suas origens.
Quando estava vendo os Enawenê carregando alegremente seus
alimentos na forma indígena, sem querer depender do Órgão Governamental de
assistência ao índio, percebemos o quanto
a maioria os índios se afastaram de sua forma indígena de ser, diferente dos
nossos antepassados que lutaram até a morte contra o domínio e a escravidão, os
índios urbanos vivem a depender do estado e diferente dos índios Enawenê e outros que se
envergonham com o peixe que não foi pescado por eles, os índios urbanos ficam
felizes, quando ganham cestas básicas do
governo.
Não os culpo, mas assisto com
tristeza essa decadência e o pior é que ficaram tão envolvidos que não encontro
argumentos para convencer do contrário.
Voltando a Conferência Rio+20, eu como todos que lutam pela
sobrevivência do planeta, compreendo que esta será uma oportunidade onde as
pessoas que se dizem tão conhecedores, PhD nessas questões ambientais possam
juntas, encontrar projetos com soluções adequadas ao que a natureza precisa e
não como elas querem que seja, espero não
ficar decepcionada com medidas que deverão ser tomadas para que a
sustentabilidade possa alcançar os objetivos práticos e não fique um caso mal
resolvido. Só nos resta torcer para que esse “empreendimento” possa dar certo,
quem sobreviver verá.

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