
A população indígena do Brasil já sofreu tanto, que perdeu a noção do que é certo ou errado e parte dela, não tem consciência de que vivemos num regime democrático onde é obrigatória a observância das leis.
Nas discussões sobre a nova legislação indígena, os índios defenderam a obrigação constitucional do Estado de protegê-los, não por que sejam incapazes e por isto, seriam considerados imputáveis, mas sim, porque são diferentes em sua cultura, seus costumes e na sua forma de ver o mundo, os indígenas não depredam, não devastam suas florestas e não poluem os rios e lagos, isto faz deles, ser diferente, mas acima de tudo também os torna cidadãos plenamente capazes.
Na vida complicada do homem branco, o índio se torna uma pessoa inocente, que não entende bem este jogo da democracia, de leis que precisam ser discutidas e votadas todos os dias, modificando coisas até sobre sua sobrevivência e sua forma de vida e habitat e, disto se aproveitam algumas pessoas inescrupulosas que ocupam cargos em setores de governos estaduais e federal, com o objetivo claro de através deles, atingir seus interesses pessoais.
Quando não conseguem seus intentos, fazem promessas aos incautos, para manter-los sob domínio, com isto criam conflitos internos étnicos para enfraquecer os movimentos que lutam para conscientizar os índios sobre seus direitos constitucionais e deveres, perante a sociedade brasileira.
Infelizmente algumas lideranças indígenas são iludidas por pessoas maquiavélicas que sempre estão tentando persuadi-las, visando manter este esquema de domínio e criar também uma situação de incerteza no meio indígena, levando-as a tomarem decisões precipitadas, através de mobilizações que se assemelha muito com as articulações de movimentos sindicais e partidárias.
Ao que parece, o objetivo maior é o de causar danos aos movimentos indígenas que buscam seus direitos constitucionais e impedir que líderes indígenas possam ocupar cargos de comando, que colocaria em risco, um sistema que perdura por vários anos, que é um dos maiores preconceitos contra os índios, a maneira como o governo brasileiro define o seu papel com relação á política indígena, sem que a população indígena seja ouvida.
Usando da prerrogativa de proteção, o estado mantém os índios sob uma espécie de tutela, tratando-os como incapazes ou irresponsáveis pelos atos que praticam.
Quem fala pelos índios, não são eles próprios ou suas organizações sociais e sim, o órgão oficial de assistência aos índios que insiste em tratá-los como pessoas incapazes, quando na realidade somos cidadãos plenos e capazes.
Fazendo uma leitura sobre o passado indígena segue-se: ano 1500, religiosos, escravização, Marechal Rondon, VIllas Boas, SPI até chegar na FUNAI, parece que neste último o desenvolvimento sustentável, econômico, social e político, empacou.
Agora em pleno séc.XXI, alguns daqueles filhos e netos dos índios que sofreram e fazem questão de narrar suas histórias, estão tentando se libertar dos vícios daqueles que insistem na figura de tutores, que através da persuasão e das promessas tentam manter os indígenas brasileiros sob um domínio DITATORIAL e aí, como esses parentes ainda não estão vacinados contra esses males tipo armação, traição, falsidade, persuasão e enganação, decidem se reunir para fazer mobilizações que podem não ser em função de intenção de mudanças.
Sem que os lideres indígenas possam perceber, aqueles que fazem parte de um sistema que mantém artifícios da época da DITADURA aproveitam para fazer um movimento invisível aos olhos indígenas, para manter o velho esquema da tutela com vantagens econômicas, e aí, tudo aquilo que foi planejado em prol da sustentabilidade e da melhoria da qualidade de vida das comunidades indígenas com muito trabalho e cuidado, volta á estaca zero.
Porque quem deveria nos respeitar, prefere nos discriminar e tratar os índios como incapazes, para que ninguém venha a reconhecer que o Estado brasileiro tem uma grande divida com as populações indígenas, por ter permitido que durante séculos nossos antepassados fossem dizimados por um holocausto indígena, cometido contra os povos indígenas brasileiro.
De 06 milhões de habitantes que existiam quando chegaram ao Brasil as caravelas de Cabral, hoje a população indígena brasileira não passa de um milhão de indígenas, que vivem sem nenhuma perspectiva e não são lembrados sequer para traçarem seus próprios destinos.
Pois, para aqueles que estão no poder, nada mais cômodo e simples do que fazer a maquina funcionar dentro dos parâmetros traçados, ou seja, é importante (aos brancos), que os comandos permaneçam como estão ou, que se troque 06 por meia dúzia.
Imagine se de repente a mudança esperada pelos índios, fosse totalmente de cima para baixo, sem indicações dos que dizem que entendem da causa e que só atendem aos apelos dos índios se os mesmos falarem sua língua materna ou se voltarem a viver como no passado, e alguns destes, que vivem a ditar normas na política indígena, tem PHD em antropologia mais não conhecem a realidade das comunidades, ou área indígena! E ainda exercem cargos de assessorias em órgãos na esfera municipal, estadual e federal...
Essas mobilizações precisam ser tratadas com muita calma, bem analisadas para que não haja principalmente indicações e nomeações induzidas emotivamente e sim com frieza e realidade e que os escolhidos conheçam realmente a situação atual dos povos indígenas, principalmente no Amazonas.
A mobilização é importante, porém mais importante é a conscientização sobre as Leis e seus Direitos, para que a população indígena possa entender, que da mesma forma que nossos antepassados tinham as obrigações e Leis nas aldeias que eram cumpridas, nós índios somos cidadãos brasileiro e temos que aprender a exercer a cidadania, lutando por nossos direitos sim, mas com responsabilidade e procurando entender que as Leis que existem, são feitas pelo branco, porque o povo indígena ainda não aprendeu a ser mobilizar para ter seus representantes no Congresso Nacional e nas Assembléia Legislativa nos estados.
Não será através de mobilizações que não observam as Leis vigentes, que o povo indígena conseguirá o que pretende, antes de tudo será preciso dialogar e entender que independente da nossa vontade, temos que aprender também, a negociar e conhecer com profundidade as Leis Vigentes no Brasil e saber que as Leis existem para ser cumpridas.
Se, pretendemos modificá-las, teremos que nos mobilizar para elegermos nossos representantes nas Casas Legislativas e participarmos do processo eleitoral e democrático brasileiro.
Na realidade, mobilização sem conscientização de nada vale, não estamos mais em 1500, e agora o Brasil tem uma mulher como a primeira dirigente de nosso país, que é a Presidenta Dilma Rousseff, que certamente saberá no seu Governo reconhecer nossos direitos constitucionais de sermos tratados com igualdade, porém dentro da Lei.
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