terça-feira, 2 de outubro de 2012

OS ÍNDIOS E AS ELEIÇÕES


Sou liderança indígena que luta há mais de 20 anos em prol de etnias que não tinham terras demarcadas e nem eram reconhecidas pelos governos, em um movimento de representação de lideranças que lutaram ao meu lado para que a primeira coordenação indígena do povo Kokama fizesse uma impactante aparição no cenário indigenista nacional, que obrigou o governo do Brasil a reconhecer, identificar, demarcar e homologar dezenas de terras indígenas no Estado do Amazonas como também, o reconhecimento oficial por parte do governo brasileiro de seus Direitos Constitucionais. E de outras etnias que eram consideradas extintas antes de começarmos esta luta, e depois passaram a ter por parte do governo federal os mesmos direitos que outros indígenas possuiam.
Tudo isso em terras indígenas localizadas no interior do Estado do Amazonas, em Manaus tenho realizado um trabalho em prol daqueles parentes, que por vários motivos deixaram suas comunidades, para sobreviver em área urbana. 
Sempre tratei a questão indígena com muito respeito, procurando sempre ajudar de alguma forma aos parentes que lutam por sua sobrevivência tanto em Manaus como no interior do estado, e sempre percebi uma interferência de cunho político junto as lideranças indígenas, por parte de grupos políticos que buscam apenas seus interesses politiqueiros, persuadindo e fazendo falsas promessas aos incautos parentes indígenas.  Nesta luta em prol dos direitos indígenas nunca confundi alhos com bugalhos, nem  misturei  política partidária com os direitos indígenas, sempre me pautei dentro de um princípio solidário.
 A nossa ONG jamais apoiou movimentos para invasões, procuramos sempre respeitar as leis vigentes do país.  Criamos projetos para a população indígena sempre de acordo com o que diz a Constituição Federal em seus Artigos. 231/232. No entanto sabemos que apesar de haver possível parceria com os governos, temos tido muito cuidado para não misturar as situações.
Infelizmente algumas poucas pessoas ainda não sabem como lidar com essas situações políticas que vão contra o interesse indígena, porque a maioria dos índios já são politizados, mais alguns parentes desavisados, ainda acreditam nas promessas de miçangas. Mais existem lideranças que já conhece seus direitos e os caminhos que vão utilizar para chegarem aos seus objetivos.
Tem um caso recente das famílias que estão albergadas na garagem da FUNAI, no centro da cidade, sobrevivendo de forma desumana, insalubre há 3 anos, sem contudo participar de invasões ou movimentos que visam apenas interesses políticos mas sim buscando através dos meios jurídicos seus direitos constitucionais de como cidadãos brasileiros poderem  viver dignamente. 
Temos um projeto chamado Manaós criado com o objetivo de tirar os índios da situação lastimável que vivem e possam exercer profissões de acordo com seus costumes. É um projeto bem elaborado por índios de diversas etnias. Já existe até a planta deste projeto mais, até agora não houve nenhum interesse por parte da prefeitura ou até mesmo do governo do estado com relação a este projeto  que é uma coisa concreta e não uma utopia para aproveitar  o momento político eleitoral visando apenas interesses políticos, sem se preocupar com a situação na qual vivem aqueles que ainda não tiveram uma oportunidade de sobreviver com dignidade.

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