
Assisti com preocupação, uma matéria exibida no programa “Fantástico’’ da Rede Globo, no dia 30/01/11, sobre os indígenas de uma comunidade indígena do Mato Grosso do Sul, que habitam próximo a capital daquele estado, em uma situação deplorável, com problemas de alcoolismo e prostituição.
Não só por esta matéria, mas também por outros fatos que estão acontecendo no meio indígena, percebe-se o quanto os índios do Brasil, estão sendo levados ao seu extermínio e, creio que muitos também ficaram surpresos, porque geralmente as notícias quando são importantes neste programa, são comentadas durante a semana e sempre aparece alguém dizendo que providências serão tomadas, se houve até o momento não fiquei sabendo...
Outro fato que também merece destaque, é sobre cerca de 40 indígenas que deixaram suas terras já demarcadas pelo governo federal na região do Alto Solimões e hoje estão jogados em uma garagem da FUNAI em Manaus, segundo noticiou o jornal “Amazonas em Tempo” datado 02/02/11, na matéria “Garagem Indígena”, em que indígenas foram expulsos de uma terra indígena e colocados em uma garagem de carros da FUNAI de Manaus. Logo pensei, porque isso? De quem é a culpa?
Fazendo uma reflexão sobre meu trabalho voluntário o qual começou hà 17 anos (tudo documentado),cujo objetivo maior eram as demarcações das Terras Indígenas, obtidas quase todas com sucesso, que começou no governo FHC e que foram demarcadas pelo presidente Lula, no qual estes indígenas passaram a ter direito e usufruto da terra em que habitavam, e agora , estão sobrevivendo de forma desumana em uma simples garagem de carros.
Quando resolvi lutar em prol dos parentes indígenas no Alto Solimões, várias etnias viviam sob ameaça constante de serem expulsos das terras em que habitavam, em função de um equívoco antropológico que a FUNAI havia cometido, ao demarcar um território indígena, onde havia outras etnias, apenas para uma, criando assim, o conflito étnico jamais visto na história indígena brasileira.
Fiz a minha parte, lutando para que o Decreto que criou este conflito, assinado em 05/01/96, que homologava a demarcação administrativa da Terra Indígena Évare I, localizada no Alto Solimões-AM, fosse retificada.
O que foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através de Decreto em 19/04/2005, publicado no Diário Oficial da União número 75, de 20/04/2005, seção I, pags.211 e 212 ”Art.1, fica retificado o Decreto de 05 de janeiro de 1996, que homologa a demarcação administrativa da TI Évare I, localizada nos municípios de São Paulo de Olivença e Tabatinga no estado do Amazonas, para nele fazer constar que a posse permanente destina-se também, ao grupo indígena Kokama e abrange ainda o município de Santo Antonio do Içá, no estado do Amazonas”.
Realizei este trabalho, sem ter nenhum recurso e não houve conflitos e nem invasões a órgãos públicos e nem badernas. Usei apenas o jornal “O Solimões” o qual depois por perseguições políticas deixou de circular.
Agora, alguns daqueles parentes que pediam suas terras demarcadas, iludidos por falsas promessas, migraram para Manaus e aqui são envolvidos em situações de invasões e expulsos de terras alheias e são colocados em uma garagem de carros velhos, pela FUNAI.
Porque não oferecem condições para eles retornarem para as suas terras que o governo Lula demarcou para eles? E, a pergunta que não quer calar, o QUE, ou QUEM os impede disso?
Inclusive a citada matéria diz que as famílias indígenas que estão acampadas na garagem da FUNAI, são índios da comunidade de Bananal que fica no município de Tabatinga-Am, Alto Solimões, da etnia Kokama, que foi uma das primeiras TI a ser identificada e demarcada!
Pois bem, mesmo sabendo que este parece ser um simples assunto para o momento, pessoas que desenvolvem um trabalho sério e verdadeiro com relação á sustentabilidade, proteção de meio ambiente e também a sobrevivência dos povos indígenas, ficam preocupadas e se perguntam: não seria mais fácil levá-los de volta a seu habitat natural onde a terra é de usufruto deles de fato e de direito?
Certamente não lhes faltará alimentação uma vez que a nossa mãe natureza que nos dá rios e nossa matas, jamais deixará seus filhos passarem necessidades básicas.
Não sei os motivos, PORQUE ou QUEMS? Os trouxeram para a capital do Amazonas, no entanto o melhor seria que a FUNAI oferecesse condições e não garagens, e eles pudessem retornar para seu habitat vivendo na sua forma indígena com muita terra para ser cultivada com fartura de peixes, frutas e tudo que a natureza oferece, e tivessem incentivos, financiamentos de projetos de sustentabilidade e programas com execução e responsabilidade com curso técnico, especializado e identificado com seu trabalho.
E os cargos e funções que viesse a ocupar sejam para trabalhar em prol de sua população e que não sejam apenas indicações políticas, que visam apenas manter os índios sobre uma tutela política..
Enfim, que eles possam desenvolver a sustentabilidade tão desejada e necessária tanto para os municípios quanto para as capitais e também ao Brasil.
Infelizmente, o órgão do governo federal que deveria oferecer proteção e apoio aos índios do Brasil, se limita a manter os parentes indígenas numa situação de completa dependência, como se eles ainda fossem tuteladas a um sistema antropológico, pré-histórico e que os mantém improdutivos, abandonados, discriminados, e, sem perspectiva de vida, levando-os a uma migração de suas terras para os centros urbanos, onde são tratados como retirantes em busca apenas de um teto, exterminando com sua cultura suas tradições e seus costumes, que dificilmente nos conjuntos habitacionais do governo conseguiram manter.
Dá a impressão que a extinção prevista na época que eles não tinham terra demarcada continua. Só mudou a forma, que é incentivando e fazendo acontecer uma migração indígena de suas terras demarcadas e homologadas, para sobreviverem de forma humilhante em uma garagem de carros velhos na capital.
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