O Brasil precisa ser urgentemente um país que respeite as populações tradicionais, mesmo que elas façam parte das minorias mas, que são respeitadas pelos governos estrangeiros que valorizam a etnogenese dos descendentes dos primeiros habitantes deste país.
Infelizmente, os governos brasileiros ao longo dos anos, tem tratado de forma relapsa ou até mesmo com descaso os problemas étnicos existentes no Brasil, entregando a um Órgão desgastado, quase inoperante , aqui no Amazonas, e totalmente envolvido em situações que longe de conseguir encontrar soluções, se distancia para bem longe dos interesses das populações indígenas e, se aproxima cada vez mais de interesses politiqueiros e dominantes, visando manter oligarquias aliada a outros interesses que só visam manter os povos indígenas em situações de misérias, desprovidos de qualquer projeto de desenvolvimento sustentável que possa livrá-los do abandono e do isolamento social aos quais foram confinados, contribuindo também, para levar muitos indígenas a descaminhos, para atender a interesses de poderosos que insistem em querer manter os índios tutelados a um sistema que os coloca como escravos.
Ao longo de 16 anos, realizando um trabalho voluntário, sem ter tido apoio institucional, sofri todo tipo de discriminação que um ser humano pode sofrer, quando luta por um ideal. Lutei para que etnias como Cocama e Caixana fossem identificados e reconhecidos quando seus interesses eram preteridos em favor de uma só etnia, e isto, pode ser comprovado em centenas de páginas de relatórios que foram escritas por antropólogo. Através de uma Organização Social criada pelos próprios indios Cocama em Tabatinga-Am, com o meu apoio, através de nosso jornal “O Solimões”, o qual deixou de circular devido a perseguições políticas de poderosos que queriam impedir tudo isso, que foi realizado em favor dessas etnias.
A COIAMA- Coordenação de Apoio aos Índios Cocama, a qual durante 08 anos sou a Coordenadora Geral, tendo sido a representante das comunidades Cocama desde 1994, realizando um grande movimento indígena que resultou na demarcação de várias TI Cocama e Caixana, como escreveram recentemente antropólogos da Fundação Nacional do Índio-FUNAI, em relatório de identificação que consta no processo FUNAI/BSB/2251/06 em despacho do Presidente da FUNAI em 21 de novembro de 2006.
“A história da etnogenese Cocama começa durante o processo da demarcação da TI Evare I, que estendia-se durante a segunda metade da década de noventa, que a Organização Indígena COIAMA, faz sua primeira e mais impactante aparição no cenário indigenista nacional, encabeçando um movimento de representação das comunidades: Bananal, Ilha do Capiaí, Barreirinha, Sacambú, Jutimã e Sapotal, apresentando ao Ministério da Justiça e a FUNAI, como contestação, alegando que indígenas das respectivas comunidades estavam sendo lesados nos seus domínios territorais, uma vez que eram Cocama e não Ticuna.
Essa foi a primeira vez que um grupo indígena entrou na justiça para contestar o direito territorial de outro grupo, com base no Art.9 de Dec. 1.775/96, no mesmo documento, a COIAMA exige ainda, o reconhecimento oficial da etnia Cocama perante o Estado, bem como os decorrentes de direitos indígenas assegurados pela Constituição Federal
Este evento detona o processo de Organização de outras comunidades ribeirinhas do Alto Solimões, que lideradas pela COIAMA, a partir de então, passam a se identificar como Cocama e/ ou Caixana, reivindicando o reconhecimento oficial por parte do governo brasileiro e a demarcação de suas terras.
Hoje milhares de Cocama estão reconhecidos e tem seus direitos constitucionais assegurados pelo governo federal, com isto, dezenas de terras indígena foram demarcadas e homologadas, exceto os Cocama de Santo Antonio do Içá que sofrem uma perseguição e até cooptação que muitas vezes os levam a conflitos internos provocados pelo poder político local, que usa de todos os seus poderes e aliança política com o objetivo de impedir a demarcação de suas terras.
Agora, não só os Cocama, mais todas as etnias esperam do novo governo de Dilma Rousseff que os estados os reconheçam oficialmente como cidadãos brasileiros que precisam de projetos de desenvolvimento sustentável para suas sobrevivência e que a FUNAI do Amazonas se livre de uma vez por todas de recalques de governo militares em querer manter os índios tutelados, pois a tutela aos índios acabou com a Constituição de 1988..
Nas eleições de 2010, participei ativamente como a primeira indígena do Amazonas candidata a deputada estadual, levando o nome da Presidente Dilma nas comunidades indígenas, do Amazonas e hoje, me sinto honrada por ver uma guerreira chamada Dilma Rousseff no posto mais elevado deste país, o de Presidente da República Federativa do Brasil, acredito que ela fará a consertação que o nosso país necessita, governando para todos: brancos, negros e índios. Por isto, quero deixar aqui a minha contribuição através de sugestões sobre esta questão indígena, com as experiências que adquiri durante estes 16 anos, em que me dedico de forma voluntária ao movimento indígena brasileiro, para que o governo de Dilma Rousseff possa realizar o desenvolvimento sustentável que todos esperam.
Um problema muito sério que o governo Dilma Rousseff precisa resolver urgente é com relação aos índios que deixaram suas terras, a maioria já demarcadas pelo governo federal e migraram para os centros urbanos, principalmente Manaus e hoje, estão realizando movimentos de sem teto , para conseguir casas junto aos governos do Estado e prefeituras.
A minha opinião sobre isto, é que se estes parentes indígenas lutaram tanto para conseguir que o governo federal demarcassem suas terras, e agora migram para a capital e tentam ganhar casas do governo, o que ou quem os levou a migrarem para as cidades? E nesse ponto, é que o governo federal precisa agir urgentemente, oferecendo condições através de projetos de desenvolvimento sustentáveis nas terras que já foram demarcadas para o usufruto deles, e que a FUNAI faça uma política voltada para apoiá-los em seus regressos às suas aldeias e não fique apoiando em seus intentos de ficar em um habitat nos centros urbanos, onde eles terão que viver ao sistema de brancos, onde não tem espaço e nem condições de sobrevivência de acordo com seus usos e costumes e cultura. É lógico que haverá exceções para aqueles que já vivem há mais de 40 anos na capital e que já possuem sua forma de sobrevivência sem conseguir perder sua identidade. Caso contrário, para que ou para quem foram demarcadas as terras indígenas?
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
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